eu topo

06/11/2009

uma coisa que me irrita profundamente é como meu coraçãozinho me trata. ele acha que devo me apaixonar por qualquer coisa que respire. isso por um lado é lindo – se um dia você aparecer em minha vida eu te amarei loucamente – mas por outro é nojento.

nojento pois muitas vezes – quase sempre na verdade – abro mão de mim mesmo em prol de sua excelentissima felicidade. ela importa mais que a minha? muitas vezes não, mas eu continuo fingindo que sim. por quê?  porque eu sou assim. sou intenso, gosto de viver mentiras maravilhosas. canto, danço, escrevo poesias… olho nos olhos e digo as mais sinceras mentiras do mundo. tudo enganação. balela. muita filhadaputisse minha assumir assim abertamente, mas é verdade. então foda-se.

já falei e vi tantas coisas diferentes… nada que realmente valesse a pena de ser lembrado, mas que volta e meia surgem na minha mente.

lembro da historia da menina dos olhos de cristal. era dezembro e fazia um calor infernal. havia acabado de conhecer ela e tinhamos saido apenas uma vez. na segunda, resolvemos caminhar pelo mundo e ver o que ele tinha para nos oferecer.

paramos em um grande jardim com uma vista do caralho, ao redor outros casais faziam sua usual troca-de-baba frenchkiss. ficamos lá por um tempo indeterminado. lembro que o sol estava a pino, algo totalmente inaceitavel. mas com ela ao meu lado tudo parecia mais ameno. derrepente o sol se foi, e usando outro clichê nojento, fez o dia virar noite. uma chuva torrencial despencou sobre nós, lavando a baba dos casais e seus kisses encebados.

as pessoas levantavam e corriam a procura de abrigo. nós ficamos. de 10 ou 15 casais, sobramos apenas nós – eu e a menina dos olhos de cristal.

olhamos um pro outro e decidimos, sem trocar uma palavra, que seria mais interessante ficar por lá mesmo. embaixo da chuva, nos beijando e nos olhando – simplesmente olhando.

até aquele momento essa garota não significava muito para mim. apenas um affair com quem eu gastava meu tempo livre. mas ai vieram os olhos.

entre um beijo e outro resolvi abrir meus olhos para ver os dela. nossa sintonia foi tão grande nesse sentimento que ela resolveu fazer a mesma coisa também – ao mesmo tempo que eu.

nossos olhos se cruzaram, e os centimetros que os separavam fisicamente sumiram. lembro do brilho dos olhos dela como algo intocavel. era um brilho que eu jamais havia visto em minha vida, algo totalmente novo e puro. pude ler seus sentimentos como quem le um livro, e através do de seus olhos vi algo que nao havia visto até então.

eu era mais novo, inexperiente, vagabundo e me julgava um cara perfeito.

sim, é insensivel da minha parte dizer isso tudo, mas realmente aconteceu. eu não procurava uma paixao, procurava apenas por sexo sem muito compromisso. mas meu coração – sim, eu tenho um – adora me pregar peças e me foder. quando vi aqueles olhos, sob a chuva, meu estomago revirou. minha cabeça dizia “você precisa ama-la  gagobrielo, voce precisa, voce deve, senao ela vai chorar e chorar e nunca mais sairá da sua cabeça”. eu tentei. forcei. e, finalmente, amei.

agora eu te pergunto: seria isso carencia? seria paixão pela paixão? seria dó, pois ela me amava e eu não a amava de volta?

a paixão é o meu ópio. vivo para ela e sem ela eu não vivo. sem ela sou cinza, palido, uma xérox de 15 centavos de quem fui um dia, enfiado em meu quarto fumando marlboros e pensando nas coisas que deveria ter dito e não disse.

vamos nos apaixonar? eu te deixarei nas nuvens, direi coisas lindas e prepararei surpresas inesqueciveis. mas isso um dia vai acabar, e quando acabar, você desejará que eu nunca tivesse entrado na sua vida.

você topa? eu topo.